segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O velho e o moço( inspirada na música do Los Hermanos e numa conversa)

No banco da casa gasta, denunciando a passagem do tempo, eles se encontram. Olhos baixos, coisas a partilhar. Coisas sobre o tempo. Um diz que está tudo errado, o outro responde que a vida exige paciência.
A barba branca também diz que o tempo é cruel, é duro. O sorriso do outro alivia com a certeza de que há muita beleza nas pedras. Tem um relógio na parede, mas ninguém nota.
O tempo é diferente pra eles. Algumas dores do que passou em um. Algumas dores do que não passou no outro.
Continuam conversando.
E um silêncio acontece.  Podem ter passado 03 minutos ou 04 décadas. Não se sabe.
Uma tosse quebra o silêncio. E uma lágrima escorre.
Levantam e caminham. Lado a lado. Ficam olhando a vida fora do banco. A casa parece mais longe. Andaram. 05 passos pra um, e 35 quarteirões pro outro.
Não há vontade de voltar. Não há nada errado. Não há motivo pra voltar.
O cansaço bate. Um pensa e diz: vamos. O outro responde: vamos.
Continuam. Com pressa. Com medo. Com esperança. Com vontade.
O caminhar faz dor. Traz amor. Produz feridas. E cicatrizes. Mas continuam.
Eles gostam do estrago.
Aceitam a condição.
Encontram outro banco, se olham pela primeira vez. Se reconhecem.
O velho mora dentro do moço.
O moço mora dentro do velho.

sábado, 13 de agosto de 2016

Nosso texto da madrugada ( Marcelo)

Nos primeiros raios de sol da manhã e em cada grito silencioso da madrugada.
Olhos que se cruzam, que se misturam e que continuam.
Olhos que encontram outros olhos e dizem:
- Muito prazer, sou o desconhecido.
Desconheço meu nome, minha história, meus sonhos. Desconheço a hora, o dia, o plano.
Não há nada que importe mais que o agora.
Pra onde vou? Não faz diferença.
O que pensava há um minuto atrás? Ja nem sei. Nao penso mais.
O que desejo? Irei descobrir no próximo passo e esquecer no passo seguinte...
O caminhar continua.
Olhos que se vão e deixam um cheiro profundo no ar. De mistério e alegria.
Olhos que começam a passar aos poucos. Lentos, cansados. Rápidos, atrasados.
Que chegam inquietos por uma oportunidade.
E se vão, certos de que o mundo é injusto.
Olhos fugazes.
Intensos.
Tristes.
Ardentes.
Olhos abertos...
Pra ver o mundo.
Enquanto isso,
Fortaleza dorme.
Mas os olhos não dormem.
Não adormecem de teimosos que são.
Resistem a preciosa aurora da manhã.
E aos ponteiros que insistem em trabalhar numa sexta feira.
O que pode mudar são os olhares dentro de uma miríade de sensações e vontades.
A cada minuto o ponteiro muda e com eles, olhares ricos em possibilidades de serem, de falarem, de comunicarem o óbvio e o não-dito.
Na rua, os olhares se direcionam, se cruzam, se capturam como um desenho de luz gravados na memória, igual uma fotografia, ora analógica, ora digital, ora orgânica.
Assim não esqueço os melhores detalhes da noite, madrugada, manhã... dia.
Lembro que memória pode ser tão frágil quanto um belo vestido de bolinhas brancas que, por mais lindo que seja pendurado em um corpo igualmente lindo, não protege contra o frio.
Mas sendo frágil, se tem mais cuidado com as lembranças captadas pelo olhar.
Olhar daqueles olhos fugazes.
Intensos.
Tristes.
Ardentes.
Olhos abertos...
Pra ver o mundo.
Enquanto isso,
Fortaleza dorme.

um presente de um amigo (Arthur - 06/07/2016)

Aí ela se deu conta de que aquilo era pouco. Que o que ela queria nem sequer existia, ou tinha nome. Ela queria algo maior do que aquilo que imaginava. Queria a impossibilidade, o tradutor universal de sentimentos, diria; Era impossível! E é. Mas ela sabia. Acredite! Mas sabia que queria algo. Algo infantil, adulto, maluco, algo inominável. Queria tempos de volta; a utópica relação humana com o passado; a não aceitação...o medo. Ela queria os tempos remotos de menina. Um sistema que funcionasse; Queria coisas mundanas e modernas; Um foguete rumo ao tudo. E andava por aí, perdida em si; Roubando livros e poemas, lendo-se entre eles e descobrindo o mundo. Tentando captar sob formas mágicas a felicidade inevitável; A mim, ela ensinou tudo. Pra mim, é maior que o mundo.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

A insustentável leveza da paixão

Já sentiu ou ouviu falar em paixão leve? Já?
Então não era paixão.
Pode chamar de atração, desejo, amor, sintonia, lance, paquera, romance...seja como for. Mas não chame de paixão.
Porque pra ter a honra de receber essa honrosa nomenclatura, o sentimento tem que vim acompanhado daquele aperto no peito. Sim, esse mesmo que você conhece tão bem.
E de um medo de se apegar e sofrer. E de uma vontade de falar e saber da pessoa toda hora. Mas como você não quer ser chamado de doido ou de doida, você reprime isso e faz de conta que tá tudo bem.
Eu falei reprimir...quem nunca reprimiu um desejo não é mesmo? em prol de parecer são.
Ai volto a perguntar: existe paixão leve?
Você vai continuar querendo dizer que reprimir é leve? Que essa explosão de desejos internos é leve?
Não vai não.
E mesmo sendo pesado, intenso, desesperador as vezes, continuamos nessa busca.
Afinal, é bem conhecido jargão de que a vida fica mais colorida com paixão.
E fica mesmo.
Mais leve não fica não.
As horas passam de um jeito diferente, o toque da mensagem do whatsapp faz o coração acelerar e os pensamentos ganham vida propria. Vida agitada e fantasiosa.
Mas o que seria de nós sem sentir tudo isso.
Venha, paixão, com todos os seus pesos. Eu aguento.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Neu vestido é florido, muitas cores e tons. Sobrassai o azul e o rosa.
Talvez esteja enxergando a vida nessas cores. Não estou prestando atenção nas outras cores do vestido.
Sinto o azul me envolvendo e o rosa trazendo sensibilidade e aroma pros dias frios.
Não sei definir cores nem sei o significado de todas.
Mas nesse traje eu percebo o meu feminino. Nessaa cores eu desejo um encontro.
Do outubro com o novembro.
Do meu ser com outro ser.
Do escuro com o claro.
Do amor com mais amor.

terça-feira, 3 de maio de 2016

amor forte. amor fraco

eu abri o blog num ato de desespero. subitamente pensei, não adianta fazer outra coisa. não adianta tentar fugir me concentrando em trabalho. meu coração está doendo. doendo como de todas as vezes que ele sente um angustia. é uma dor física que vem de um corte na alma. não sangra nem nada, apenas dói, e dói profundamente.o que me causa essa dor são geralmente coisas de amor. então não adianta negar, estou sentido dor de amor. e amor dói quando naão pode ser vivido, quando acaba só de um lado. quando precisa ser sufocado.
e dessa vez, eu não pude viver, ele precisa acabar antes de se concretizar,
é meu amigo. é impossível.
e o pior de tudo, é correspondido.
quando eu amo sozinha eu entendo, não dá e pronto.
mas quando eu sinto o amor vindo e quando ele vem eu preciso me afastar porque se me tocar eu posso me machucar mais.
que amor estranho. que quando chega perto, fere, e que quando está afastado também fere. é um amor sem chance de ser um amor feliz, por isso não deveria nem ser amor. mas é.
é um amor forte também. tao forte que provoca sensações, desejos, sonhos, fantasias.
mas é fraco. muito fraco. porque se mantem preso. se fosse mais forte, se soltaria, gritaria, iria de um lado por outro atá ser vivido,
mas não é .
tem uma fraqueza maior, porque esta ligado a outro amor. esse sim é forte visto de longe,
dqaui do alto da montanha eu vejo um amor bem grande, alias, vejo dois, um na terra, criando raízes, e outro no ar, se esvaindo feito fumaça.
amores.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Uma carta de amor

Poderia dizer cada detalhe daquela noite.
Poderia falar das nuvens e das cores estoteantes do céu as 5:40.
Poderia brincar de adivinhar musica na vitrola.
Mas, nao.
Nao poderia contar que desejei adormecer no seu colo.
Nao poderia contar sobre os meus segredos infantis.
Nao.
Nao poderia viver com tantos poderias.
O que é uma vida de devir?
Pense bem, chegar aos 87 e nao ter feito o que quis.
No final das contas, o que vai valer é o saldo de felicidade.
Se houver saldo de felicidade...
Aos 87 nao resta muito tempo.
Algum tempo talvez. Mas na reta final ele costuma ser cruel.
Lance-se.
Seja irresponsavel as vezes.
Ok!
Ok!
Ja entendi.
É hora de falar dos quereres.
Eu quero te contar que sonho ainda com aquele amanhecer, mesmo sendo a coisa mais errada do mundo.
Quero dizer que há alguns dias meu coração ta estranho. Pulsando de um jeito diferente. Apertado as vezes. E outras totalmente desconcertado.
Quero que entenda o tanto que desejo um abraço demorado.
Disso, eu não vou me arrepender aos 87.